Pensamentos.
Pensamentos de uma manhã sem nada para fazer.
Odeio não ter nada para fazer, que as pessoas passem em frente à minha secretária e eu esteja impecavelmente arrumada, de braços cruzados e um olhar estúpido e perdido no branco de uma janela informática que nada me diz, nem nada tem para me reportar.
Exposta.
Sinto-me exposta por estar num open space onde há mais de duas dezenas de pessoas a passarinhar por todo o lado, impedido que a minha “porta para o mundo” se abra nos écrans que verdadeiramente têm interesse e que me poderiam ajudar a matar o tempo.
Não brinco, em hora de expediente. Não quero brincar.
E nada ter para fazer força-me a isso.
Pagam-me para trabalhar e trabalhar quero.
Não quero estar assim.
Procuro coisas para fazer, re-arrumar, reorganizar. Já “RE” tudo e mais alguma coisa
Mas se não há nada para fazer, não vejo o porquê de não escrever.
Escrever não é brincar.
E escrevo.
Ética.
É a ética que manda agora.
E até estar aqui a escrever me parece de facto tão mal!
Mas também me parece tão mal estar parada na hora de trabalho…
Não gosto mesmo nada!
Dilema.
Pensamentos…Ética…Dilema!
Estou mal habituada, sempre cheia de coisas, mas aqui há estas alturas paradas, entediantes de morte.
Há “picos” de trabalho.
Rearrumo.
Repasso.
Reorganizo.
RE, RE, RE…. Grrrrrr…
Que raiva…
As outras pessoas, pelo que vejo, também padecem por vezes do mesmo mal e também, tal como eu, vão fazendo “render o peixe”…
Aproveitam, conversam umas com as outras.
Eu abstenho-me. Sou recente. Não sou ”convidada” para as conversas e não acho bem meter-me.
E quero evitar expor um lado mais pessoal.
Numa conversa, emitimos sempre de alguma forma a nossa opinião. Que normalmente é baseada no nosso “modus vivendus”.
Não quero dar o meu a conhecer…
Nem expressar opiniões.
Prefiro manter-me simpática e todos simpáticos comigo. Nada mais.
Também não posso ficar aqui sentada a ler o meu livro, porque também parece mal ler na hora de expediente…
Ética…De novo a ética.
Mas…e o expediente?!?!
Onde está o expediente?
Pensamentos, ética…Dilema!
O fim do dia tarda em chegar…
Chegará por fim o inalcançável fim da tarde e, cansada de nada ter feito, regresso ao lar para verdadeiramente trabalhar a sério… Oh! Sim!.
Aí é a sério.
O trabalho é real em casa.
E às vezes, duro e cansativo. Físico.
Aqui, o trabalho é mental.
Por vezes tendo a pensar que devo ser organizada, metódica e despachada em demasia. Tenho de facto bastante trabalho todos os dias.
Há fases muito difíceis. Agora não é uma delas e esta fase parada aborrece-me. Mata-me de tédio!
Prefiro as fase difíceis.
Dão-me “pica”! Mantêm-me absorta e dão-me conhecimento.
Muitos, conseguem manter o pouco que têm e fazê-lo “ render” pelo dia todo…
Eu não….
Apercebo-me que é um mal geral, que os outros também estão a sofrer os mesmos “picos” de pouco trabalho.
O pouco que vem, dou “cabo dele” numa escassa meia hora.
E depois fica este vazio…
Fui rápida demais? Penso… Não. Fiz tudo dentro dos timmings normais.
Faço tudo com a devida calma, atenção, e concentração que se impõem.
Não quero nem posso errar.
Mas não consigo que uma singela carta me demore uma manhã inteira…
E, quando se tem tudo organizado, acaba por ser mesmo assim, só que eu não me conformo.
Adoro dias cheios de papelada e coisas para tratar, que me prendam atenção e me mantenham calada virada para a minha “porta para o mundo”, das 9h às 18h.
Aqui faz-se juz ao ditado “o calado vence”!
Aqui, o calado é o verdadeiro milionário. E eu estou a aprender a ser rica.
São mundos muito diferentes.
E eu tenho que conseguir viver nos dois, sem prejudicar nenhum. Chama-se a isto estar em terreno neutro.
Estarei?
Assim espero.
E gosto assim.
Gosto desta realidade paralela que me dá um sentido à vida a cada final do mês.
Preciso dela, desesperadamente…e é bom aliar-lhe o gosto também.
Gosto disto.
Sinceramente.
Só não gosto é de estar parada.
E, apesar de tudo, prefiro-a, a ela – realidade - assoberbada de coisas para fazer, correrias de urgência..
Que chatice!
Não tenho nada para fazer…
E há até poucas pessoas a trabalhar em Lisboa.
Há pouco movimento no geral.
Avizinham-se as celebrações cristãs da morte de Cristo!
As férias imperam nesta altura. E eu também embarcarei nelas…
Nada para fazer.
Odeio estar sem nada para fazer.
Pensamentos.
Ocorrem-me diversos.
Depois vem a ética, o dilema.
Abro o Word, para não dar nas vistas.
Maior esforço dispendo quando nada tenho para fazer, a ocupar o tempo, a fazer coisas que já estavam feitas, reorganizar outras que até já estavam organizadas.
Tudo para não estar sentada a olhar em frente para uma “porta” vazia...oca de conhecimento.
E penso.
E tenho dilemas.
Que parvoíce celebrar a morte e ressurreição. Que morte tão violenta para ser celebrada... – (lá estou eu e os meus sortidos e desconexos pensamentos pagãos).
Odeio a Páscoa.
Muito mais que o Natal. Odeio mesmo a Páscoa.
É muito estúpido celebrar uma morte que ocorreu há séculos e que foi crivada de dor, angustia e sofrimento.
Adorar um ser sofrido pendurado numa cruz!
Estupidez humana!
Revolta-me que a Igreja Católica pela força tenha atingido um estatuto de tal forma grande que faz com que as comemorações religiosas, ainda nos dias de hoje, consigam andar a par e passo com os assuntos de estado, influenciando a vida das pessoas em geral, sendo profícuas apenas aos comerciantes e para o governo.
Bah!
Desgoverno é o que é. Páscoas, Natais, dias dos Namorados.
Desgovernos!
Que se lixe a dita Páscoa que daí, só me interessam mesmo os ovos e as amêndoas e as férias que aproveitei para tirar!
Por causa dessa porcaria de feriado, anda tudo num lufa-lufa que até dá dó!
Pensamentos…Dilemas.
E o único que me ocorre agora, depois de já aqui terem passado várias pessoas que me vêm teclar furiosamente no Word, é o de que quero trabalhar à séria.
Quero trabalho à séria, horas para lançar, textos para bater, papéis para arrumar…
Pensamentos, esses, escreve-los-ei mais tarde, para os colocar aqui.
Que agora, não foi, não é e nunca será o momento oportuno.
Agora, é mais que tempo para trabalhar!

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