Reflexões, parte II,

Tinha eu então 16 anos...era uma miúda acabada de sair do liceu, com o coração cheio de esperanças e a cabeça a transbordar de projectos e objectivos.
Tinha terminado o 12º com aproveitamento e distinção. Estudara com bolsa de estudos desde o 10º ano, sem nunca chumbar.
Falava um inglês irrepreensível e francês com desembaraço.
Mas a maior ambição era a de ser jornalista, fotógrafa de reportagem.
Ir para a guerra, dizia. Ir para a guerra fotografar e escrever sobre os seus horrores, alertar o mundo.
Já nessa época gostava de escrever e versejar.
O diário já não era suficiente e precisava de escrever coisas que o mundo lesse.

E agora? Agora? Passado tanto tempo tenho o mundo inteiro à disposição e não me apetece escrever nada!

Por vezes, quando o silêncio engole aqueles pedaços de mundo a que teimosamente chamamos de tudo o resto e a escuridão se torna tal que não sabemos se realmente temos os olhos abertos, eu gosto de me inundar em mim mesma e flutuar sozinha no meu interior...

Comentários

james disse…
o ultimo parágrafo arrepiou-me....provavelmente ainda tens alguma janela do teu quarto aberta.

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