E pronto!
Eis que nos dez minutos seguintes tudo termina.
Invariavelmente da mesma forma que sempre terminou: exagerados fardos de lixo espalhados pela esquina contendo um monte de papéis amarrotados, sujos e feios que minutos antes serviram o seu propósito - o aconchego da boneca e do carrinho, do perfume e da peça de vestuário ainda a cheirar ao cartão de crédito.
No entanto, além da sobrecarga na lixeira, do aspecto final de ruas-de-país-de- terceiro-mundo pós meia-noite, nada mais foi alterado.
E tudo permanece igual a si próprio.
A fome continua a ser a fome, a carência chama-se ainda carência ou mais carência e a necessidade dá-se pelo mesmo nome.
E daqui por cerca de 51 semanas voltaremos a assistir a um mesmo trágico cenário!
E agora?
Agora resta-nos esperar.
Esperar com sentida ansiedade e sofreguidão pelo último dia comemorativo, aquele em que extreminaremos sem penitências e até à última gota os conteúdos das nossas bolsas, na "compra" forçada de um sorriso amarelo, de um momento de glória gorado pelas folhas de papel decoradas e pelos laços.
E o Senhor que se segue: um Janeiro gélido desmesurado e sombrio...

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