Porque não preciso de morrer...preciso de matar

Lêm-se centenas de coisas na Internet. Coisas bonitas, Coisas interessantes, Coisas de má qualidade, de boa qualidade.
Umas fazem todo o sentido, outras nenhum.
Umas são aplicáveis às nossas realidades, outras estão tão longe delas!
Em Março do passado ano, escrevi isto:

"Quantas frases bonitas e inspiradoras leram esta semana na Internet, nos e-mails que receberam, nalguma revista ou nalgum livro?
Frases que registaram ou até pensaram em registar no diário ou no vosso livro das sombras?
E, dessas todas, quantas escolheram para dar Vida, tirando-as do limbo das meras palavras?
A quais dessas palavras entregaram o sôpro vital, a vossa energia pessoal, transformando-as em VIDA-VIVIDA-ATRAVÉS-DE-SI-PRÓPRIO, em realidade integralmente experimentada?
A uma, pelo menos? Se sim, Ma-ra-vi-lha! Então valeu a pena toda a leitura !Pois entre milhões de mensagens digitadas por muitos milhões de dedos e lidas por milhões de olhos, todas destinadas ao esquecimento quase imediato, uma, pelo menos, ganhou Vida através de ti, germinando e transformando o alguém que a viveu.É esse o propósito das palavras, o único propósito das mensagens: transformar quem as preenche com Vida, transformando-se. [...]"

Por isso, não consigo deixar de me identificar não com a autora (Maria) mas com as suas palavras que se seguem.

Isto porque neste momento preciso de matar...para não morrer.

" Todos nascemos assassinos. Não por diversão, mas por necessidade. Em vários estágios da vida vimo-nos obrigados a matar.Matamos lugares, sentimentos, olhares e cheiros; e, acima de tudo, matamos pessoas.Algumas matamos a frio, como quem chega por trás, de repente. Outras vamos matando com o veneno do esquecimento. E há ainda aquelas que matamos com uma facada nas costas, e as que assassinamos para não morrermos primeiro.Eu? Eu já matei de todas as formas, em vários lugares.Matei amigos, família, conhecidos, desconhecidos, amores e desamores.Alguns eu enterrei e esqueci-me do sítio, outros ressuscitei e voltei a matar.Porque, quando sentimos que estão a matar-nos, temos que matar primeiro.A faca da mentira é a arma mais letal que conheci até hoje. Não se pode lutar com ela, porque quando ela nos espeta, deixa um veneno que escorre pelo sangue e se espalha pelo corpo e pela alma, como se de um cancro se tratasse. E quando os sintomas se vão e julgamos estar curados da facada, eis que sentimos o veneno legado pela dita a ferver nas veias, de onde não podemos tirá-lo.É um estado terminal. Sabemos, então, as únicas hipóteses de cura que nos restam – matar aqueles que nos esfaquearam, ou morrer do veneno da facada.Eu escolhi matar.Matar de outra maneira, porque a facada dói.Quis matar, sim, mas ainda assim de forma indolor. Não quero espalhar facadas.Escolhi então o veneno do esquecimento, essa arma complexa que é tão difícil de usar.Tirei o manual de instruções do coração e li-o á alma, e então consegui.E foi assim, assassinando, que fiquei viúva."

Comentários

Anónimo disse…
adorei o primeiro texto...o outro já conhecia de outro filme....um beijo...keep on the road.

Mensagens populares