Para ti, Munita:

Faço parte de um povo injustiçado e perseguido,
Que com bravura sempre resistiu.
Mesmo aos nazistas com toda covardia não se curvou,
Pois ia para a câmara de gás sorrindo e cantando.

Gosto da mais pura seda, com muito brilho e cor,
Gosto de anéis, colares e brincos do mais puro ouro.
Gosto da dança, da alegria, do amor...
A honra a verdade e lealdade, o meu mais puro tesouro.

Faço leitura da mão dizendo sempre a verdade,
Interpreto o baralho cigano, orientando a pessoa.
Falo sobre presente, futuro e se quiser o passado,
Comprovas sua consulta no momento
Ou com o tempo espaçado.

No passado se esconder era preciso,
Hoje se vê quem não é querendo ser.
Erradamente divulgam nossas tradições e culturas,
Pensando apenas em dinheiro e poder.

Poder sim, pois hoje com toda divulgação,
O pouco que sobre nós se sabe,
É o bastante para se respeitar com apreciação
Inclusive uma cartomante de estrada.

Trago sempre comigo um punhal amigo,
Pendurado na cintura ou acoplado à coxa.
Não penso com ele mal fazer,
Mas exijo respeito,
E se preciso hei de me defender,
Pois nem mesmo um toque admito no meu corpo haver.


Sou Cigana com muito orgulho sim,
Sou o que hoje muitos se dizem sem poder ser.
Ser cigana não é apenas um estado de espírito,
Ser cigana é ter nas veias o sangue do poder.
É saber interpretar as cartas,
Saber ler a mão,
Saber ser imparcial,
Ter compaixão...

Canto, danço com meu vestido rodado,
Carrego na orelha uma rosa vermelha,
Tenho o mundo como quintal,
Não me sinto prisioneira.

Sou acompanhada de um povo amigo,
Que me conduz que me dá abrigo,
Que me protege se preciso,
Das agruras da vida e do perigo.

Sou fiel a mim e meus princípios,
Tenho cativos a honra, fidelidade e o amor.
Carrego comigo uma fé inabalável,
Que me permite ter luz mesmo nas trevas.

Desejo a paz universal,
Onde todos fraternos vivam sem dor.
Que Santa Sara Kali nos proteja,
Que o mundo se revista do mais puro amor.